Monday, January 15, 2007

Perdoem qualquer erro de concordância, digitação e coisas assim. Acabou de ser escrito às pressas e ainda tá sem revisão decente. Ainda tá sem título também. Precisa ser aperfeiçoado antes de quem sabe sair num jornal ai.
É isso. Fui.

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Na semana passada eu li uma matéria – não lembro aonde – sobre um novo aparelho celular que, se não tou enganado, só faltava ter o cinto de utilidades do Batman. Mas isso não é lá um grande pecado, se você considerar que a tal geringonça executa música, exibe filmes e – entre outras coisas – tem acesso a GPS. Tipo, faz tempo que dá pra sacar que a tendência era realmente que todas as mídias migrassem para um único aparelho – e o celular era o mais provável. Só que, depois de ler isto, eu comecei a pensar em como esses “modern times” e a tecnologia a que tive acesso moldaram o que sou hoje. A internet - que eu descobri quase tardiamente, lá pelos 13 ou 14 – com a música, os mp3, a informação, o acesso a tal cultura pop, a contribuição na decisão de ser jornalista. A internet que me ajudou a entrar em contato com o que eu leio hoje. A TV aberta que despertou o meu interesse pelos desenhos animados politicamente incorretos – e os bonitinhos também – e pelos filmes policiais – que depois me levaram aos filmes de máfia, aos westerns cínicos que eu vi e ainda vejo com meu pai, entre outros. E como tudo isso mudou a minha visão de mundo e como ainda hoje me influencia, em cada decisão que eu tomo.
O ponto em que eu quero chegar é esse: a nossa geração, a geração de que eu faço parte, talvez tenha sido até agora a que menos sofreu as influências do meio físico em que está inserida. Em certa medida, somos cada vez menos influenciados pelas pessoas com as quais convivemos todo dia cara-a-cara. Isso porque a internet, o DVD, o disk-man – que agora já é Ipod – nos deram a chance de moldar a nós mesmos. Toda essa tecnologia nos fez ter a chance de, até certo ponto, decidir quem iríamos ser, mais ou menos como se fôssemos uma massinha de modelar em nossas próprias mãos – isso é, se eu não estiver viajando demais. Isso porque temos oportunidade de escolha: você pode, se quiser, desistir de ir no boteco com algum amigo bater papo e ficar em casa, na rede, pesquisando o significado histórico dos filmes-noir, ou baixando o último EP de qualquer bandinha de garagem que esteja estourada nas paradas indies da Inglaterra.
E é ai que chegamos a outro ponto. (Não quero soar como todo aquele discurso pacifista e tudo – na verdade, o que quero dizer é justamente o contrário disso.) Só temos essa oportunidade, essa considerável – não quero usar “infinita” porque não me agrada – gama de escolha por somos a mais lapidada peça da barbárie. É, sem grandes guerras, sem a Guerra Fria, sem Vietnã, sem o Golfo, sem Bósnia, sem tudo isso, não estaríamos no estado desenvolvimentista em que estamos hoje – e conseqüentemente não teríamos tanta capacidade de escolha. Um livre arbítrio regado a napalm.
Deu pra sacar? Parece que um ciclo histórico se fecha. A guerra fodeu milhões de pessoas, glamourizou “líderes” políticos sexualmente frustrados, rendeu grana pra cacete pra muita gente, e agora fecha um ciclo e tira o poder das mãos do ambiente físico em que você vive. Em “Nascido a 4 de julho”, um filme do Oliver Stone – meio panfletário e com um discurso meio exagerado que a certas alturas dá no saco – o personagem do Tom Cruise é um jovem patriota que decide ir pra guerra pra varrer o comunismo, porque “ama seu país” e blá blá blá. Volta como veterano do Vietnã, sem as pernas, pra um país que já não apóia mais a guerra – mas isso depois de ele ter se fodido nela. Tipo, o personagem – Ronnie, se eu não me engano – é o retrato de alguém iludido pela lorota kennedyana. Fruto do meio em que está inserido. Mas hoje seria bem mais difícil um jovem ser ludibriado assim – há outras formas de se enganar hoje, mais requintadas, não essa. Claro que sempre existe a possibilidade de levar alguém pra morrer em alguma vereda esquecida pelo Ocidente – os caras que nesse momento jogam Duke Nuke no Iraque, por exemplo – mas o presidente, o tio, o seu pai, o gerente do teu banco – e isso é certo – tem cada vez menos influência sobre você. A guerra acabou fechando o leque da guerra, como está fechando o leque do despotismo, do poder centralizado – em outras palavras, como está desfigurando a face do poder e o deixando cada vez mais sem rosto.De alguma forma, tenho a impressão de que um elo se fecha. Quem garante que daqui a 50, 100 anos, ainda vai haver Congresso. Imagine só que alguém sugere uma lei e então um país inteiro vai pra frente do computador, entra na rede, e começa a votar a tal lei – sem intermediários. Cada um, em sua casa vota diretamente, sem essa de representatividade. Já pensou nisso? Não que isso vá acabar com a corrupção, não creio nisso, ou vai melhorar o processo, ou vai diminuir as mazelas. Mas pensa só, é uma possibilidade. É uma “revolução”, por assim dizer. Maior do que qualquer uma que já houve, porque vai ser a mais individual de todas. E quem garante o que vem a partir daí?

Thursday, January 11, 2007

E como é que se vivia sem internet?

Duas dicas de música sobre coisas interessantes que eu descobri está semana, mesmo estando funcionando a 220 V.
Primeiro: um cd tributo ao Odair José. É, isso mesmo, o tal “cantor das empregadas”, o supra-sumo da cafonice que de tão brega, mas tão brega, acabou virando cult. Só que no fundo, no fundo, ele não é tão ruim assim e o cd tributo – com gente que vai de Paulo Miklos, Zeca Baleiro e Monbojó às bandas curitibanas Poléxia e Terminal Guadalupe, passando pelo popzinho sem vergonha do Leela MTV -, tem uns momentos legais. Por causa do corre-corre, ainda não consegui ouvir a bagaça toda, mas aqui vai: ouça “Vou tirar você desse lugar” (Paulo Miklos), “Eu queria ser John Lennon” (Columbia) e “Eu, você e a praça” (Zeca Baleiro). Ah, e você nem precisa ficar de bobeira na frente do micro enquanto espera a coisa toda fazer download. Dá pra ouvir pela Radio Uol.
Segundo: vai lá no cata-corno do Google, digita Los Porongas e clica no primeiro link que aparecer. É o site de uma banda do Acre (sim, do Acre, esse lugar nos confins do Judas que ninguém nunca lembra que faz parte do Brasil) onde você consegue ouvir um EP inteiro dos caras. Uma espécie de seringal beat, que também envereda para os lados placeboeanos da vida. É, o revival dos anos 80 não ta poupando ninguém – e ainda dá pra atravessar a fronteira e descolar uma coca na Bolívia. Ouça “Enquanto uns dormem”.
É isso. Fui.

Monday, January 08, 2007

Happy Birthday to You!

Hoje meu pai faz 45 anos. É, no mesmo dia em que o Bowie faz 60. Eu disse isso pro meu velho, mas ele não deu muita pelota. Enfim. Meu pai não ouve Bowie, então, é compreensível. Ele também não ia gostar muito do cara se conhecesse. Androginia não lhe é algo admirável, mas sim digno de censura. Bom, mas eu faço uma homenagem a essas duas figuras tão díspares nascidas no mesmo dia – é, astrologia realmente é uma merda. Ambos, porém, tem dois grandes feitos. O “camaleão do rock” em 72, quando lançou The Rise And Fall Of Ziggy Stardust And The Spiders Mars – para os íntimos só Ziggy Stardust -, pedra fundamental em cima da qual os apóstolos do bowienismo ergueram a hermafrodita e purpurinada catedral do glam rock; meu pai, em 86, quando me fez hahahaha.
Hoje, porém, o mundo todo tá fodido, com seus Bush´s e Marylin Manson´s, e eu tenho saudade de um tempo que eu não vivi. Deu pra entender?