Tuesday, December 26, 2006

EU PROMETO NÃO PARAR DE FUMAR

No Natal James Brown foi pro saco. Mais um. Os bons sempre dão um jeito de fazer merda no fim. Ontem, quando cheguei em casa e vi a notícia no Jornal Nacional, com aquela retrospectivazinha vagabunda que fizeram da vida do cara, pensei: porra, meus heróis sempre me foderam – morreram de cirrose, overdose, suicidaram-se aos 23 anos (ou aos 67). Não que seja o caso do “senhor dinamite” – ele tinha 73 e eu apenas gostava dele e do som, não me era um ídolo. O fato é que gente como Brown, Joey Ramone, Ian Curtis, Thompson, Capote, Fante, Kerouac, Wild, Boham, Raulzito, Boudelaire e tantos outros – nem tantos assim, pensando bem – não são como todos e ficam de saco cheio da porra toda bem rápido. Drogas, álcool, problemas com a justiça, fetiche por armas de fogo, amor à melancolia, euforia, depressão – é tudo um saco de merda se rasgando em cima de você – o velho Buk sabia das coisas.
E 2007 vai ser a mesma merda. Pode jogar flores à Iemanjá, pular onda, comer lentilha, usar camisa branca e calcinha vermelho paixão. Prometa começar aquele regime, faça planos de emprego melhor, mais dinheiro e férias com a família numa praia do Nordeste. Prometa parar de fumar também. Fique eufórico com o grande leque de possibilidades que se estende a sua frente, com um novo ano inteiro tirado da manga. Lá pelo Carnaval você vai cair em si. Outra vez. Como em todos os outros carnavais.
Um dia alguém vai conseguir sintetizar o cérebro de um otimista e essa será a droga de farmácia de maior sucesso no próximo verão.
King Heroin, como diria Brown.