Monday, May 21, 2007

O INCRÍVEL RETORNO DO BLOG MAIS INTERMITENTE DA VIA LÁCTEA

Textinho que eu, muito competentemente, fiz a proeza de conseguir inutilizar para fins de publicação séria (nem reescrevendo tudo se dá jeito na criança). Os motivos são facilmente constatáveis.


Fluxo de consciência
Gretchen fazendo curso de política pra ser prefeita, mais propina no governo, a tevê dando tudo o que o Clô queria no Congresso, o Bush querendo mais dinheiro pra continuar brincando de Lego no Iraque, Sarkozy e a estátua do De Gaulle na França, o Serra apontando um trabuco pra situação, a diminuição da maioridade penal quase passando no Senado – “beat on the brat with the baseball bat”, já cantavam os Ramones – e no meio de tudo isso eu tou pagando pra ver como o Frodo vai ficar dentro das calças justas de Iggy Pop no cinema. É tudo meio onírico e passa por você como as fofocas no trampo depois da sua terceira noite mal dormida – ouve, mas não processa nada. É sempre o mesmo filme, principalmente quando o ano se encaminha pro meio e os blockbusters enchem as salas de cinema – Homem Aranha, Shreck, Piratas, enfim. Mas depois de ver a coisa pela milésima vez, já não tem tanta graça, né, Romário?
Toda essa introdução cheia de firulas e citações metidas à besta é pra dizer que, como em Alice no País das Maravilhas, agora parece que é sempre hora do chá. E, nós, os universitários, do auge da empáfia de futuro da nação, ouvimos o novo álbum do New York Dolls – um bando de velhos caquéticos querendo soar como nos anos 70. Eu nunca vi uma bomba, e as guerras que vi pela tevê são de mentirinha – quando o vídeo do enforcamento do Saddam chega pra você por e-mail é que a gente se dá conta de que o mundo é uma Matrix feita por assessores de imprensa. Uma geração inteira criticando inimigos fantasmas, falando mal de tudo por falta de uma boa briga pra comprar. A hemorragia de dinheiro agora tem como foco uma construtora com o nome de Buda – Gautama! E daí fica tudo meio glamourizado, né? Agora a vida imita a arte. E os telejornais amarram um enredo de câmeras e teorias conspiratórias dignas de um filme de Hollywood, que desemboca na porta do gabinete do ministro. Daí qualquer possível nudez no Big Brother perde a graça.No fim, tudo parece um arremedo, um daqueles filmes trash. É como se o mundo fosse dirigido pelo Zé Caixão. Não só Deus está morto. Sartre também. Morto e enterrado. O hype das livrarias é a estréia da filha do Dias Gomes, num livro “que é sexo, drogas e rock’n’roll” – mais um, outra vez, como se isso não fosse tudo o que foi feito pela nova horda de escritores a partir dos nerdiáticos(?) anos 00. Nada mais normal, pois se Beatles e Stones saíram de cena – e Keith Richards dá seu último suspiro como um bucaneiro no terceiro ato de uma das maiores franquias cinematográficas dos dias hoje – a polêmica do mundo pop fica mesmo por conta das farpas trocadas pelo RBD e o High School Musical. Tudo um arremedo.