Monday, January 07, 2008

Eu tenho amigo homem, eu quero amigo gay...

“Todo homem é um corno em potencial diante do Chico Buarque”, teorizou certa vez Nelson Rodrigues, que não era exatamente bonito e devia estar tentando justificar uma galhada. De buenas, Nelson, há tempos já diz a sabedoria dos pára-choques de caminhão que chifre foi feito mesmo pra homem, os bovinos só usam de metidos a touro que são.
E tudo bem. A mulherada é mesma unânime: todas dariam para o Chico, segundo pesquisa recente de minha autoria que incluiu uma amostragem razoável. O que me surpreende agora é que homens, amigos meus, também queiram entrar nessas empreitadas de sodomia e felação.
- Eu daria para o Chico – disse um amigo meu, na mesma noite da pesquisa, algumas cervejas e doses de conhaque depois.
A namorada cutuca-o. Eu fico chocado e brigo com a língua enrolada tentando articular uma sentença em resposta. Refeito, cuspo a frase, junto com uma porção de perdigotos, alguns momentos depois.
- Amigo meu não mexe com essas armas, não! – exclamo.
Mas minto. Eu tenho amigo homem, eu tenho amigo gay, olha eu sei lá, etc., etc., etc. Não só um amigo gay clássico. Tenho dois ou três daquela outra variante, mais moderna, o metrossexual, quase, quase saindo de vez do armário. Acolho a todos, boa alma de sou, e sou acolhido por eles, interesseiros que são. Mas ganho com isso. Ser gay é cool, colorido, bacaninha, causa boa impressão. E eles emprestam essa aura aos acompanhantes. Então, você, machão clássico, devia também arrumar um amigo gay. Tu vai parecer mais sensível, mais culto, rapaz. Vai por mim.
Sem falar que o machão clássico tá em extinção. Aquele que enche os cornos de cerveja, quer sempre resolver as coisas na mão, passa os domingos vendo jogos do Corinthians, não tem saco pra ficar assistindo filmes do Antonioni só pra parecer inteligente e não sabe a diferença entre shorts e bermuda – eu aprendi essa, também no bar, ontem. Somos artigo raro, peça de antiquário, quase desaparecendo – chamem o Greenpeace!
Mulher não quer mais o machão clássico. Somos insensíveis, grosseiros, meio burros, não sabemos conversar sobre moda ou decoração e, o pior, não somos mais úteis, porque agora os potes de conserva vêm com aquelas frescurinhas que facilitam o ato de abertura – maldita tecnologia. Por isso, precisamos de amigos gays. Eles têm muito a nos ensinar. Como se portar, como ornar, como reparar em novos penteados do tipo “ah, percebeu que eu cortei as pontas?”, etc., etc., etc.
Repito: no mundo de hoje, todo homem precisa de um amigo gay. Por isso, meu amigo que tá pensando em dar pro Chico, vai lá, vai fundo, capricha, dá uma, duas, três, quatro. Depois volta e me conta como foi. Mas conta tuuuuuudo.

2 Comments:

At 11:10 AM, Anonymous Anonymous said...

Já entendi tudo.

 
At 1:10 PM, Anonymous Anonymous said...

Sandy e seus planos mirabolantes!
Este fez muito sentido, seu inescrupuloso! Hehehe
Bjos

 

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