Thursday, October 25, 2007

Mais coisa antiga, saída de uma insuportável aula de qualquer babaquice relacionada à teorias comunicacionais que não param em pé – devia estar meio dopado, só pode. Trabalhando muito nos últimos dias e sem muito tempo livre (o que tenho, naturalmente, gasto em lugares produtivos como bares e afins). Segue este, hum, hum, texto? Ou seja lá o que for.
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O velho passou tanto tempo amarrado na árvore que não sabe mais aonde ir. Sabe a historinha do dono de circo que amarra o elefante com barbante?
Bá.
"Velho bobo, não dá pra ficar aqui. É uma árvore, velho estúpido".
O velho doido vai morar embaixo da árvore.
...
– Menino, escove os dentes e pare de conversar com o espelho. Vai emporcalhar tudo.
Espelho. O pior inimigo das pessoas feias. Fico biruta com espelhos.
...
Na casa de meu pai há muitos reflexos. Vitrines de lojas espelhadas.
Na casa de meu pai há muitas moradas. Sem luz ou água encanada.
Calçadas que fedem à urina.
Meu pai mora no centro. E lá tem um McDonald's.
...
Velho maluco. Mora em árvores.
...
Não, Bandini, esse velho não dá uma boa história. Ele é louco. E deve estar bêbado. É, biruta e bêbado. Ele mora em árvores. E uma vez já teve uma coleira.
Mas faz muito tempo.
...
Ontem ele tava aqui. Aqui no centro. Aqui onde é sempre domingo à tarde. Aqui, no mais vadio dos dias. O velho que mora em árvores e conversa com cachorros. Aqui. Onde diabos se enfiou? É, naquela árvore. No fim dessa rua.
A árvore com o velho. Ou o velho com a árvore.
Sei lá.

Nas vitrines ninguém conhece o velho. Nem a árvore. Na casa de meu pai é todo mundo muito distraído. Velho doido. Gente biruta. No centro.
Onde meu pai mora. E onde é tudo sempre meio besta.

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