Tuesday, January 08, 2008

Acho que não é à toa que I Just Want to Have Something to Do é a faixa que abre o Road to Ruin, dos Ramones. Cabeça vazia...

...

- Terminou o catálogo?
Não.
- Fez as atualizações?
Não.
- Foi à praia?
Não.
- Escreveu aquele texto?
Não.
(Todos, em uníssono).

- E por quê?
É janeiro, oras.
Ninguém faz nada em janeiro. Epílogo do ano. O chumbo já vai ser grosso adiante. Janeiro é hora de descanso, de ficar de buenas, numa tranqüila, numa boa, coisa e tal, tal e coisa, etc. Rotina: acordar às dez, matar tempo até a hora de ir pro trabalho, sair às seis, botequear duas ou três horinhas pelos pés sujos do centro, sair, mas ainda tá claro, horário de verão, melhor voltar, botequear mais um pouco. O cigarro rebate o conhaque, a cerveja rebate o cigarro, o conhaque rebate a cerveja e, nessa rebateção, acabo rebatido no balcão. Hora de ir pra casa, fuça aqui, fuça ali, bêbado demais pra ler um livro, não tem jeito, as letrinhas não ficam quietas. Desce pro portão. Devia ter ido à praia. Este ano vou guardar dinheiro. Peraí, mas isso é uma resolução. Putaquepariu! Sai, coisa ruim. Praia o caralho. Pé vermelho não se cria na areia. Não tem jeito, não dá liga, não da pé, não orna. Nem sei nadar mesmo. Melhor dar uma volta.
Meia hora depois, casa.
- Vou escrever!
Nada. Sem idéia, sem mão. Ah, pro diabo. Eu nem sei gramática mesmo. Café. Enrola, enrola, enrola. Duas da madruga. Não durmo. Sem chance. Ô diazinho infame. Pego o telefone:
- E aí, fazendo o quê?
- Porra, eu tava dormindo.
- Ah! Verdade. Desculpa aí. Nem lembrei.
- Tá. Que que é?
- Vamô saí?
- Hã?
- Dá um giro. Botequear.
- Porra, eu tava dormindo.
- Tá, tá, tu já disse. Mas agora não tá mais. Eu já te acordei mesmo.
- Filhadaputa!
- Ok, ok. Mas então?
- Ah, cara, deixa pra amanhã.
- Tá, tá. A biba tá cansadinha. Já entendi. Até.
Anda pela casa. Cinco da manhã e nada de dormir. Ainda bem que é janeiro. Dá pra acordar às dez.

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