Monday, September 03, 2007

versão já editada (as piadinhas infames foram cortadas):

Se não entender, ele desenha
Reinaldo Baptista, do Casseta & Planeta, lança livro de cartuns em Curitiba


Pouca gente sabe, mas Reinaldo Baptista, mais conhecido como “um dos caras do Casseta”, também é cartunista. E dos bons, criado no Pasquim da década de 70. A “identidade secreta” – como ele mesmo chama – nos cartuns foi revelada para muitos na sexta-feira (31), quando o humorista participou de um bate-papo e sessão de autógrafos no Shopping Curitiba, por ocasião do lançamento de Reinaldo – Desenhos de Humor, livro que reúne 218 de suas melhores piadas, desenhadas desde 1974. “No início, pensei em escolher os piores, mas daí desisti”, conta.
Desistiu, também, de ser lembrado por qualquer coisa que não esteja conectada ao programa humorístico global Casseta & Planeta. Por isso, na capa de sua coletânea há uma tarja vermelha lembrando que ele é o sujeito que faz a Ótima Bernardes, uma de suas mais populares paródias na tevê atualmente.
A coletânea faz parte de uma iniciativa da Editora Desiderata, que vem relançando grandes nomes dos cartuns e quadrinhos nacionais, além dos primeiros trabalhos da nova geração. Para tanto, ninguém menos que Jaguar, talvez o maior nome do cartum nacional na história, virou uma espécie de consultor de humor da Desiderata. E foi do próprio cartunista-mor que partiu o convite para o lançamento do livro de Reinaldo.
O respeito ao trabalho dele como cartunista não é novo. Em 1974, quando bateu à porta do Pasquim com 24 anos e alguns desenhos debaixo do braço, foi com o próprio Jaguar que Reinaldo topou. As primeiras impressões que o então já veterano teve do iniciante ficam evidentes em uma entrevista dada por Jaguar cerca de 30 anos depois. “Quando vi o trabalho dele soube que já tinha nascido pronto. Desse jeito, no Brasil, só conheço dois”, declarou, revelando que o outro lugar garantido no pódium fica com o chargista Leonardo Rodrigues, que publica parte de seu material no www.rasuralivre.blogspot.com
Reinaldo não concorda, nem discorda. “Tenho uma autocrítica forte. Então, com 24 anos eu realmente já estava com desenhos e idéias bem mais aprimorados que os demais aspirantes que iam bater no Pasquim. Acho que foi isso que o Jaguar viu”.
Apesar dos elogios que vêm de cima, Reinaldo conseguiu reconhecimento de verdade foi na televisão, com o humorístico que vai ao ar, há 15 anos, todas as terças-feiras, em horário nobre. Piadas não faltam, até porque sobra matéria-prima quando o assunto é a política nacional. “Numa democracia, quem ocupar um cargo público tem que saber que, mais cedo ou mais tarde, vai ser motivo de piada”.
O primeiro político parodiado por Reinaldo na tevê foi o ex-presidente Fernando Collor, que acabou virando Cheirando Collor de Melo nas mãos da trupe do Casseta & Planeta. A experiência teve um quê de traumática, apesar de irreverente. “As pessoas me xingavam de coisas desagradáveis na rua. Até porque eu também fazia a Rosane Collor. Então, acumulava as funções do primeiro casal da República eleito depois da ditadura”.
Autoritarismo que, aliás, aparece na capa de Reinaldo – Desenhos de Humor. Os dizeres “Abaixo a ditadura” seriam até mesmo retrógrados se o resto do quadro não fosse composto pelo desenho parcial de um homem vestindo espartilho.
Além de “um dos caras do Casseta” e cartunista, Reinaldo também é contrabaixista de uma banda de jazz, que atualmente produz seu segundo álbum. “Não é um excesso de atividades, porque agora realizo um trabalho de cartunista mais suave e faz sete anos que a banda na qual toco lançou o primeiro álbum”, explica ele.
À parte, todo o trabalho é “organizado, disciplinado e deliberado”. O humor, levado a sério, é para ele uma importante arma contra os problemas contemporâneos. “O único jeito de agüentar essa barra pesada mundial é rindo”, finaliza.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home