Wednesday, July 04, 2007

CERTAS COISAS SEMPRE CHAMAM MINHA ATENÇÃO

Claro que fico meio boquiaberto com a quantidade de produtos ecologicamente corretos que se anunciam. Quando era menor lembro que ficava impressionado quando ouvia alguém dizer que era vegetariano. Pensava que só mesmo um ideal muito forte podia levar alguém a abdicar de uma picanha mal passada. Depois fui percebendo que a coisa não é bem assim: o sujeito pode muito bem ser vegetariano (seres que geralmente mataram aquela aulinha básica sobre cadeia alimentar no ginásio) e ainda desfrutar de um hambúrguer de soja saboroso como carne – sei disso porque provei um há alguns dias.
Nada contra a atenuação do martírio deste clã, claro (passei a suportar bem esses aspectos depois de entender as nuances do Estado de Bem-Estar Social). Por outro lado, isso está formando uma horda de chatos como nunca vi antes. Posso ter passado a andar em más companhias – é uma possibilidade a ser avaliada -, mas o fato é que nunca fui tão importunado por ser um entusiasta dos bifes, alcatras e afins. Toda hora alguém te alveja com um discurso sobre a “alma dos animais” ou o fato de eles também serem “seres vivos” – como já disse, pra mim é tão somente uma questão de cadeia alimentar.
Está aí um dos piores defeitos da humanidade hoje: achar que qualquer atitude abestalhada pode contribuir para um mundo melhor (veja o exemplo de Bono, Madonna etc). Desse jeito, no fim, a coisa toda – que pode, sim, ser bem intencionada, apesar de ser idiota – acaba sempre se parecendo com aquela velha “arma do negócio”, a auto-propaganda. É cada vez maior o exército de pessoas abdicando disso e daquilo, os movimentos na internet do tipo “passe um dia sem computador”, pessoas se auto-glamourizando por “fazerem a sua parte”, mesmo que isso seja restrito a assistir à TV Câmara. Até acho que uma grande mudança pode começar de baixo – na falta de uma granada, precisa-se usar diplomacia, obviamente – mas também acredito profundamente que manifestações do tipo “acenda uma vela na sua janela às 20 horas de tal dia e peça paz” contribuem muito mais para reiterar a postura de palhaço do brasileiro do que para comover autoridades – sejam elas oficiais ou o Fernandinho Beira-Mar.Mais um reflexo dos tempos ordinários em que vivemos. Bá.

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